No contexto do envelhecimento populacional e junto à expansão categórica do conhecimento científico, é observado um conjunto de habilidades no campo da área da saúde capaz de trazer amplo auxílio aos pacientes. Estas competências fornecem ao profissional de saúde uma miríade de intervenções que se traduziram, nas últimas décadas, entre outros fatores, no aumento da expectativa de vida de toda população. Entretanto, o saber-nos finito é parte do esteio existencial da espécie humana. Nas últimas décadas uma percepção cada vez mais focada no indivíduo que adoece e não somente em sua doença, traz ao campo da saúde um retorno à preocupação primordial que é focada não somente na cura, mas no cuidado do enfermo. Dentro da Geriatria e Gerontologia talvez o cenário dos Cuidados Paliativos sejam o principal nicho onde essas assertivas são peremptórias.
Ao longo da história, quando a possibilidade de cura era limitada devido aos parcos conteúdos científicos, a paliação sempre foi a regra. Paliar significa aliviar, mitigar, tornar-se protetor. Os Cuidados Paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1990 e redefinidos em 2002 como uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual. Saber indicar e avaliar o indivíduo que subirá neste palco é parte essencial na formação do terapeuta que se propõe a esta interpelação.
Na década de 1960, com Cicely Saunders, e no início dos anos 2000, com o estudo SUPPORT, uma série de evidências de que as pessoas morriam nas unidades de terapia intensiva com algum tipo de sofrimento desnecessário fez com que cada vez mais os cuidados paliativos (CP) crescessem em importância. No Brasil, o tema cuidados paliativos está em desenvolvimento desde a década de 80 e, atualmente, em processo de consolidação, em diferentes locais do país. Em 2011, o reconhecimento do CP pelo Conselho Federal de Medicina, como área de atuação da oncologia, geriatria, pediatria, medicina de família e anestesiologia, estimulou a sistematização do ensino de CP, permitindo a capacitação de profissionais qualificados. A escassez de recursos humanos habilitados para atuar no campo de CP, assim como o crescente interesse acadêmico na área é a oportunidade para que o curso aqui proposto seja o passo inicial para uma formação especializada e, para uma futura transformação em um curso de especialização, na medida em que seja reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medicina.
Concepção do programa: